segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Ele usava óculos de grau que mais se pareciam com os que meu avô usaria, pele alva como a neve e olhos exaltados de curiosidade, seria muito esquisito se não fosse tão charmoso, e bonito, eu o achava bem atraente, e acho que sou a única, bom pra mim!
Parece que ele reparou que eu estava o encarando, devia estar olhando demais, ai que vergonha, provavelmente estou toda vermelha agora! Que ótimo! E isso, irritantemente parece estar sendo bem divertido pra ele, ficaria muito irritada com ele agora, por estar rindo, se não tivesse o olhar tão fofo e inocente. Tem os olhos como uma rajada de fogo pronta para derreter um iceberg, perfeita metáfora pra mim, como uma luva!
Putz, merda! Ele tá vindo, tenho tempo de correr ainda, aff, tem muita gente por aqui, demoraria uns 30 minutos no mínimo pra conseguir escapar e ficaria mais do que na cara que estava tentando fugir dele, pagando mico, meu hobbie preferido. Talvez seja melhor só enfrentar isso, é sempre complicado mas, eu aguento, quer dizer, eu acho.
Parou à minha frente ajeitou delicadamente os óculos e nada disse, antes não tinha como ver como ele tinha lindos cachinhos dourados, que ficam bem claros dessa distância que ele agora se encontra, eu claramente o analisava, e quando olhei bem para o seu rosto, parecia que ele estava fazendo o mesmo, parei, entao de analisá-lo fisicamente para prestar atenção em suas ações. Quando o fiz logo sorriu para mim, belos dentes por sinal, e eu estava paralizada, ridícula demais para fazer alguma coisa, forçei, então, um sorriso bem amarelo. Estava vermelha de vergonha, isso era um fato, parece que ele reparou, pois delicadamente acariciou minhas bochechas, franzindo o cenho, então sorri, espontâneamente dessa vez, ele fez o mesmo.
Passado o primeiro momento ele continuava em silêncio, também não me preocupei de falar alguma coisa, parecia que não havia necessidade de palavras, estas poderiam facilmente estragar este momento, com uma súbita corajem agarrei sua mão e o levei pra fora dali, então passeamos sem nada dizer pela cidade, as luzes ainda estavam bem acesas. "É uma cidade bem grande e está sempre da mesma forma, nunca é tão bonita, será que passarei muito dos limites se for ousado o bastante e dizer, você poderia ser minha? Por que talvez eu seja o pedinte e você a rainha, mesmo sendo um pequeno doador, também tenho o direito de sonhar e me perguntar, se você teve olhos para um cara tão esquisito quanto eu."
Ela nada disse apenas o beijou, um inocente beijo que valia mais do que mil palavras.



Ela não o achava estranho, nem um pouco na verdade, e se sentia bem à vontade ao seu lado. "A noite nunca esteve tão bela"

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Deitada em minha cama, fechando fortemente os meus olhos, me obrigando a dormir, mas como poderia? A mesma bateção da noite interior voltou incessante, bem, pelo menos veio separada de ocasionais gritos ou urros, como pode? Será que isso vai se repetir todas as noites?
E toda essa barulhada deixa-lhe ainda mais desperta.. Que merda! Infelizes, mas uma noite sem dormir! Você pensa sentando, passa a mão no rosto a fim de retirar certos fios incovenientes de seu cabelos que se espalharam pelo seu rosto enquanto se revirava na cama.
Quer saber, vou beber uma água, ir no banheiro... TUM TUM TUM.. aff, será que não se cansam? É aparentemente não, terá de conviver com a selvageria ou seguir o conselho dos amigos de reclamar, seria uma boa idéia se fosse não fosse tão covarde, o mais corajoso que consegue é perambular pela casa no meio da noite, mesmo ligando toda e qualquer luz que tenha no seu caminho, o que faz do seu ato muito menos corajoso.
Enquanto isso o caos está tomado, várias ligações à portaria, enfim alguém tomou a atitude que lhe faltou colhões para fazer.
Deve tomar as rédeas de sua vida, você pensa consigo mesma, seria um bom começo, mas mesmo assim a "rave" particular do andar de cima permanece incansávelmente, pelo menos para eles, porque eu já estou cansada há muito tempo de ouvi-los.
Tenho vontade de escrever mas não sei o que, sinto alguma coisa que nao consigo identificar, quero gritar, quero trazer essa casa a baixo, mas continuo sentada aqui, não me mexo mesmo que no meu interior pareça que estou tendo ataques epilépticos. Quero extravasar, mas como se faz isso?
Quero falar, falar sem parar, falar até doer o maxilar, escrever até os dedos ficarem tão duros doendo, quero rir até a minha barriga doer e ficar completamente sem ar, quero chorar ate inundar toda essa casa, eu quero, quero...
Por que as palavras certas não aparecem quando o que eu mais preciso é que todas elas explodam pelo teclado, nem que fosse uma psicografia, mas seria verdadeiro, seriam elas, aquelas que venho a tanto procurando, e sem nenhum resultado aqui continuo atrás do alívio ou do êxtase, tanto faz pra mim, quero que tudo isso que tá escondido à sete chaves jorre como uma tsunami e transborde, se for para o melhor.
Eu vivo à procura, tenho vontades do desconhecido, quero uma comida mas não sei qual é, quero uma música mas nenhuma me satisfaz, quero um filme mas acho que ele não existe, quero e continuo procurando por eles, isso é sem fim, no ônibus olhando sem direção pela janela procuro, caminhando eu olho à minha volta atras disso, DISSO, que desconheço mas que faz tanta falta, O QUE É VOCÊ? QUEM É VOCÊ?
Ou o que é isso, quem é você? Você aí que escreve, talvez essa seja uma pergunta essencial, sempre tão metida, arrogante, na posição de quem bem se conhece, mas conhece mesmo? Boa pergunta. Mas parece que você é uma visitante dentro de si mesma, bela visitante que não conhece os caminhos nem os fins e muito menos aonde deve chegar, aonde está indo, e se você não sabe, quem saberá? Você vive se perguntando quando virão te resgatar, e a minha resposta a isso é, tome postura na vida e saiba que somente você irá se resgatar e cabe a você se encontrar no meio desse emaranhado de perguntas, sentimentos, nesse emaranhado que é você.
O que mais me interessa é a capacidade que possui de simplesmente guardar as sensações pros momentos certos, acho completamente estranho como pode começar a pensar em todas essas questões que lhe perturbam, e que tiveram o dia todo aí, só que em modo latente, agora, e tudo aparentava ser uma pequena vontade de escrever, e você não sabia bem o que. Bem as coisas se desenrolaram de forma bem peculiar tomando-se em conta o início, afinal você tinha BASTANTE coisa que queria escrever, e me pareceu que o caminho desconhecido a elas aà princípio logo foi encontrado.
Eu sei como é as vezes se sentir como numa floresta escura sem saber por onde veio, como voltar, presa no breu das árvores e arbustos, os ventos balançando suas roupas, seus cabelos sacodindo violentamente, e você está paralizada no que parece o centro da mata, não há ar suficente, será que está afundando, areia movediça talvez, mas vcê nada faz, é incapaz, está cansada demais, talvez seja melhor deixar-se afundar, até que, nossa, que bela luz, que surgiu a uma grande distância de onde se encontra, aí percebe que está se deixando levar a morte, deve lutar, não deve se deixar afundar desta forma, você é uma mulhe forte afinal, pelo menos é o que sempre lhe disseram, mas é tão mais fácil deixar que a areia lhe enterre, deixar que esta arranhe suas pernas, seu tronco, NÃO! Deve lutar sim, mesmo que não se sinta forte, decididamente você não é forte, são apenas eles que acham, ficarão decepcionados com você agora ou depois, pois você sabe que pode ser um tanto covarde, mas mesmo assim, deve subir não se deixar levar pelo buraco que se abre bem debaixo de seus pés. Agarre em tudo que há na sua frente, raízes, troncos, ramos, pedras, o que for.. EI, isso não tava aqui, é.. é uma mão, agarre com toda a sua força, e num movimento súbito é cuspida pra fora do que lhe sugava, mas afinal quem lhe salvou, você olha pra frente atrás de seu salvador, e ele está indo embora. Como pode ir agora e me deixar aqui!? Não vá, você me salvou afinal! Não, não, não tem cabimento deixá-lo ir, de forma desastrada o persegue, mas ele continua se distanciando, você corre, ele anda e continua tão a frente, mas é completamente fora de cogitação deixá-lo ir.
Olhando mais atentamente percebe que onde se encontra já não lhe é estranho, parece que está em ca.. casa, ele lhe salvou duas vezes, como pode estar constantemente salvando-lhe mas não se aproxima, por quê? O que você deve ter feito para estar tão próximo, mas também tão distante? Ele parou! Vou até lá! E correndo você segue a reta, mas ele fez um sinal, como se fosse para eu.. parar, mas .. mas, por quê?
Entendi, você diz, abaixando a cabeça, você está certo, não vou apressar nada, se não devemos nos conhecer agora eu compreendo, e vou esperar por você, espero saber quando você chegar, sei que não está presente no sentido literal, em matéria, mas espero que saiba quem sou, eu espero saber quem você é, pode ser que esteja pedindo demais, mas me dê um sinal.. por favor. Então aquela lágrima que por tanto esteve presa percorre sua face, é melhor limpá-la logo antes que alguém veja que está chorando. De forma abrupta limpa o rosto e vira de costas, desejando que o dia que ele aparecerá de vez chegue logo, mais que logo.. descobriu que você sem mesmo conhecê-lo deve-lhe tanto e precisa tanto dele.
Imagens surgem na sua cabeça "Uma energia masculina está lhe protegendo, impedindo que o louco se aproxime de você e faça de você sua companheira na loucura", bem sempre se perguntou quem devia ser, seus irmãos, afinal são tantos, não, claro que não, esse louco não faz ideia da existência de irmãos verdadeiros e pustiços, seria a energia DAQUELE que já partiu mas continua presente no meu coração, você pensa que sim, talvez, ou com certeza, nunca lhe abandonaria, mas deve descansar, e creio que deve ter tido ajuda, do meu salvador.
Respirando fundo você continua a andar em frente e tenta se manter viva para que ele venha ao seu encontro, mas enquanto isso, segue a vida, de forma séria, traçando caminhos certeiros, criando verdadeiras estratégias, mas mesmo assim você espera, prometeu que o faria, e espera da mesma forma que ele cumpra sua promessa, dando-lhe o tão esperado sinal.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Venta forte lá fora, fico olhando atentamente as árvores dançarem nos braços invisíveis deste clima arrebatador. Por um momento desejo sê-las e me sentir dançar suavemente em meio a tal tormenta, as árvores devem lidar melhor com o caos, mesmo se trocássemos mesmo de lugar acho que ainda assim eu seria desastrosa. Prepararei um chocolate bem quente para combater o frio e chacoalhar para longe idéias pouco genias que gritam dentro da minha cabeça.
É como se eu estivesse solta no ar numa lambada louca no teto, mas na verdade os meus pés estão bem presos no chão, não consigo extravasar, todas as fibras musculares do meu corpo se sacodem incansávelmente, isso me incomoda muito, quero que passe.
Mas o que creio que seja o meu real problema é a vontade insana de viver coisas, grandes emoções, sinto que em todos esses anos na minha vida não conheci grandes sentimentos, preciso encará-los, preciso descobrir o que é o amar! As pessoas vão e vem, amam, desamam e ama de novo, e eu continuo a olhar e observar, feliz é claro, e desejando que a minha vez chegue, a minha vez de ser escolhida, de ser importante e especial para alguém. Quero saber como é a sensação de ser destacado da multidão com apenas um olhar, certeiro.
Como será se sentir no foco do olhar do desejado? Bem isso não posso responder, não tive experiências quanto a isso, posso explicitar melhor como é chato atrair justo aqueles que não lhe atraem, ou se sentir atraída pelos que nunca serão seu.
Será que sou uma mulher frustrada pelas coisas que não vivi, experiências que são jogadas e esfregadas sem dó na nossa face pela televisão e cinema? É triste pensar que nem o meu primeiro beijo foi com o menino que gostava, meus dois namorados eu também não tinha lá um grande amor por eles, eram grandes amigos. Estou cansada de viver as coisas na minha mente, quero algo de verdade, palpável e que seja completamente e loucamente sensível ao meu coração, que pra mim em certos momentos se aparenta de forma rochosa ou inexistente.
O silêncio foi facilmente alcançado por aqueles que necessitavam, acho que não seria difícil ao seu porta voz conseguir das criaturas suspirantes o que quisesse, não seria mesmo difícil. Mas o silêncio nem liga para o que é um pouco só barulhento, o que é um leve ruído, talvez um grande barulho fosse mais atraente, ou não.
Em meio ao caos da aparente má escolha talvez fique muito difícil de serem tomadas decisões inteligentes ou ao menos possíveis, é mais fácil se deixar tomar pelo sentimento que te domina ser irracional, mas é claro que neste tipo de situações a possibilidade do arrependimento é iminente, de uma forma ou de outra.
Não digo que toda a confusão mental tenha se dissipado, diminuido talvez, mas não completamente esquecida, está onde estava mas suportável. Fico pensando como fui volúvel nestes últimos dias, a quantidade de decisões que tomei, quanta coisa que mudei em minha mente, quantas faculdades ia cursar, enfim, várias decisões que foram esquecidas, superadas, e eu, bem eu voltei a estaca zero, e parece que isto está virando algum tipo de rotina de todo começo de período.
Hoje senti que as coisas podem não ser tão ruins como pareciam que iam ser, foi até bem legal, agradável, contando com o silenciador para fazer do dia ainda mais bonito é claro, o que faz a permanência parecer ainda mais tentadora, talvez agora eu tenha tomado a decisão definitiva, por enquanto é claro, continuo não sentindo tanta segurança nisso, mas mesmo assim, talvez deixar as coisas correrem seja agora a melhor coisa fazer e contar com o amadurecimento para trazer idéias novas.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Os ventos estão uivantes lá fora, talvez seja uma indicação de que devo ler "O Morro dos Ventos Uivantes" ou talvez seja apenas ventos fortes mesmo, sem maiores significados. E muito menos signifique que o habito ainda mais que em niterói nem grandes morros deve se haver, a não ser pelos Morros do Estado e do Palácio, mas duvido muito que aconteçam grandes uivos por lá, tiroteios e bailes funks devem ser mais comuns.
Mas aqui em Icaraí, que é plano, nada de morro, entenda, os ventos SÃO bem uivantes. Pensei em vários trocadilhos, mas não vale a pena destruir mais esse post, que já nascerá deficiente quanto conteúdo, guardarei-os para mim, minhas piadinhas nunca me conseguiram grandes coisas mesmo.
ODEIO TÍTULOS! Na verdade isso é mentira, só que simplesmente aparento ser incapaz de entitular as coisas, inclusive foi árduo conseguir neste blog mesmo, deve ser algum tipo de restrição mental minha, mas apesar destas também tenho poderes!
Descobri ser a única que pode ver um ser pairante do IACS, grande poder, inútil como sempre, consequência da minha grande paixão por aventuras iniciada quando tinha 6 anos e decidi me jogar de corpo e alma dentro da praia de Icaraí. Antes tivesse saído com mais um olho e patas de ganso do que inabilidades e a possibilidade de ver um ser decadente que aparentemente ninguém consegue enxergar, deve ser horrível ser parcialmente invisível.
Os botões caem da mesa e se espalham pelo chão. Nossa quanta bagunça! Como se não bastassem todos esses livros espalhados pelos cantos da casa. Agora deverá catá-los todos, mas a preguiça de fazê-lo é tanta! Você reza por companhia, está só olhando para a tevê, acha que deve estar enlouquecendo, já que está na fase de responder e se relacionar com ela.
Se já não está louca deve ser questão de tempo só para que isto se consume. Ninguém a olha como se fosse normal mesmo, talvez devesse adotar os estilo lokinho de ser, é, talvez assim as pessoas passem a não reparar tanto em você e em seus atos, poderá viver realmente em sonhos ao invés de apenas lhe acusarem de fazê-lo.
Talvez a vida seja mais bonita quando passada num sonho, bonita e fácil, creio que fácil até demais. O bom da vida devem ser os obstáculos que nós enfrentamos, adoro superá-los, devo dizer que sou até bastante boa em reviravoltas extraordinárias.
Não sei por que me dizem que vivo em sonhos! Apenas porque quero pra mim o melhor? Mas eu luto por tudo que almejo! Como pode isso ser sonho? Deve ser algum tipo de escape pra não dizer o que realmente sentem, um medo mais profundo e real que este, isso diminui a minha frustração contra estas acusações, mas não as extingue.
O dia já clareou, será que está muito tarde? Minha noção de tempo nunca fora das melhores, mas aqui a nossa regra é nunca se preocupar com o tempo, não que eu siga ela, só que ele não sabe disso. Não quero acordar mas o sol está vindo diretamente de encontro com os meus olhos e eu quero olhá-lo como faço todas as vezes em que estamos juntos. Como pode ser tão lindo, amo analisar todos os detalhes de sua face perfeita, era dificil de se imginar mas ele consegue ser ainda mais belo à luz do sol, que cintila pelo seu cabelo dando-lhe tons que nunca imaginei que existiriam, é claro que só existem nele.
Levanto-me devagar, quero olhar pela janela pela qual toda essa luz entra, é interessante como o sol aqui não agride tanto a minha pele quanto costumava. Como é alto aqui! Logo me afasto segurando as cortinas, fiquei tonta, isto sempre acontece quando estou olhando para baixo de um lugar alto. Me apoiei na parede olhando para cima respirando devagar, assim passa mais rápido, acho que é melhor fechar as cortinas, assim ele também poderá dormir melhor.
Quando me virei para cama ele já estava acordado, apoiado em seu cotovelo, me fitando, com o olhar mais terno e puro que já vi alguém olhando para mim. Uma vez eu li alguém dizer que existem algumas garotas que nasceram para serem felizez, eu defitnitivamente devo ser uma dessas. Ele me estendeu sua mão me chamando para perto, sentei-me ao seu lado. Eu só o olhava, acho que não conseguiria fazer mais nada, mal estava respirando.
Já anoitecera na floresta, era hora em que as ninfas e os elfos saem de seus esconderijos para festejar! Um barulho estranho vinha de longe causando apreensão em todos os elementais. Sorrateiramente procuraram pelo barulho, mas garantindo sua discrição.
Uma jovem de cabelos cor de avelã se aproximava correndo, ela chorava compulsivamente, uma corrente de comoção percorreu por todas as criaturinhas que habitam na floresta, queriam poder ajudá-la, entender o que a aborrecia de forma tão arrebatadora.
Os mais corajosos se aproximaram sem denunciar as suas posições, tinham muito medo do que os humanos poderiam lhe fazer, eles eram perigosos demais, viam o que estavam fazendo com as florestas e rios, estavam destruindo-os sem nenhum sinal de arrependimento. Mas mesmo assim não podiam negar que esta linda jovem, nos seus 15 anos, estava precisando de algum apoio, e logo a ouviram dizer:
_ Como pôde fazer isto comigo papai! Como o senhor pôde. _ Eles acharam um pouco de graça afinal ela estava falando sozinha, devia ser um pouco louca. Mas ela continuava a chorar e isto lhes cortava o coração. O que podia fazê-la tão triste.
Quando todos olharam para o lado viram que Lull estava indo ao encontro da pobre garota! Todos se espantaram com medo do que aquilo podia trazer-lhes como consequência. Mas ela não parecia se importar continuava rumando a ela. Podia se ouvir a todos exclamando:
_Oh não! O que faremos agora!?
Até que Mab, a rainha de todas as fadas, mandou as silenciar:
_ Calem-se todas! Nada faremos agora! Nada além de observar.
Então assim fizeram...
O que significa quando parece que está tudo tão estático, como se o mundo tivesse parado de se movimentar, a vida está igual, e só você envelhceu, mas no fundo tudo permaneceu igual a quando você saiu.
As suas duas vidas permeneceram congeladas no ponto em que parou, o que me intriga era que os dados eram pra continuarem rolando, supostamente foi uma atitude de mudança que deveria trazer-lhe uma vida nova básicamente. Mas talvez você nunca tenha pertencido a este lugar de qualquer forma. Você está certa, também acho que não nasceu no lugar certo, sempre fala isso quando o sol começa a atingir as suas bochechas e queimar sua pele rosada, é claro que logo se refugia para debaixo dos panos ou parte em retirada para o interior da casa.
Mas no final das contas é fácil ver que, apesar do contexto permanecer, você mudou, me parece mais bonita talvez, mais madura e um pouco mais consciente. Gosto de observá-la ao maquiar-se, você não costumava fazer isso, era bem desajeitada por sinal, com aquelas bochechas muito mais rosadas que qualquer um como costumava fazer, é, você mudou, mas para melhor devo constatar.
Você fica quieta olhando o sol se por, seus cabelos voando, acariciando seu rosto, logo você os põe por detrás da orelha, etavam lhe atrapalhando demais, e pensa, quando ele vao aparecer e resgatá-la, como será isso, e desejando para que ogo isto se dê realmente, mas ao mesmo tempo é fácil de notar que está feliz consigo mesma, só, apesar se soar contraditório, você realmente está.
Não está mais na procura constante e frustrada de antes, ao entrar no onibus e caçar por todos os lugares, você está bem resolvida afinal, está como sempre quis estar, e tudo o que viveu lhe trouxe até aqui. E enquanto a mim, eu só posso estar feliz por isso, feliz por ter feito parte disso, e ser tão essencial para tudo isto. Mais feliz ainda por ser você.
Aí você está! Andei te procurando por toda parte, mas não faz mal, estou feliz que você esteja aqui agora, para mim isso que importa. Por que você está molhado deste jeito? Ah é, anda chovendo bastante mesmo.
Dia barulhento este, não que esteja muito diferente dos outros dias, acho que apenas estou mais atenta, talvez meus sentidos estejam mais aguçados no dia de hoje, estranhamente, sou muito desligada normalmente, mal escuto quando falam comigo, imagine se ouviria carros tão distantes ou caminhões despejando suas mercadorias. Já está bem escuro, anda escurecendo mais cedo do que o normal, o que é a única coisa que diferencia este inverno calourento do verão fervilhante.
Nunca fui talentosa, nem habilidosa no que quer que seja, nunca fui de destacar muito em nada, na verdade sou bem normal, sempre fui a última a ser escolhida na educação física e a mais desajeitada, talvez tenha tentado aprender a tocar todos os instrumentos existentes e imagináveis, mas injustamente todo o talento musical se encontra em meu irmão, mas fazer o que, não posso ficar me lamentando também a essa altura da vida. Acho que isso sempre me incomodou demais, meu irmão sempre argumenta comigo, dizendo que em troca recebi toda a beleza da família, posso fazer o que se ele é tão exagerado, e também se for não ganho nada com isso, nem mesmo a aceitação, acho que sou muito diferente ideológicamente do que se esperaria de uma garota de minha idade, acho que é por isso que fico tão quieta em alguns lugares, para não ter que lidar com certos comentários maldosos, olhares feios.
Acho que vai começar a chover novamente, talvez seja para lavar a alma que anda chovendo tanto.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Talvez eu esteja conseguindo me encontrar no meio do caos que venho vivendo, e essa música realmente combina com esse momento de clareamento das minhas idéias, quem diria que eu descobriria algo que eu amo tão rápido, eu tenho medo dessa sensação se esvairir conforme o tempo passar, mas acho que não, espero que não.
Estou me sentindo aliviada de saber que o meu caminha não se encontra tão obscuro quanto eu pensava, na verdade acho que eu deveria ter percebido antes que devia seguir por aqui, mas no desespero nada fica claro.
Sinto que deva começar a me preparar agora, estudar, ler, e finalmente ler coisas que realmente me tragam prazer, acho que ninguém deve ter noção do quanto isso é aliviante, afinal são mais de um ano lendo teorias enfadonhas, mas elas me foram bem úteis afinal, quando as lia.
As pessoas, inclusive eu, não enxergam que por dentro até do seu entretenimento favorito pode existir a maior paixão que você pode abrigar, e que isso pode se transformar em algum tipo de impulso acadêmico e profissional, é acho que vou tentar fazer isso, espero conseguir.
Queria que as coisas que escrevo e penso fizessem mais sentido, as vezes parece que eu tenho uma linguagem própria que ninguém mais entende, na verdade eu estou bem cansada de me relacionar com as pessoas e seus comportamentos estranhos e hostis, parece que devemos estar sempre caminhando pelos ovos, todos são tão cruéis, não queria estar aqui, é bem fácil de se perceber quando é diferente demais para ser completamente aceita, eles lher querem bem próximo, bem debaixo de seus olhos, mas não querem que fale, pois sabem que não concordaria com nenhuma das palavras que se atrevem em pronunciar e as piadinhas nada originais que teimam em fazer, todos riem como hienas, e você continua ali, sentado, querendo saber por que estão tão animados, rindo daquela forma tão exagerada, quem olha até pensa que existe um amizade verdadeira, mas você, e todos eles, sabem que isso não é verdade. Bem é assim que as coisas estão se desenrolando, eu ando pela chuva penosamente, como se a cada passo que eu me aproximasse um peso maior decaísse sobre os meus ombros, e como pesa, isso me parece tão inútil, mas minha mãe diz que não, ela me suplicou que aguentasse isso por mais um tempo, afinal o que são seis meses. Eu lhe digo, é coisa pra cassete.
Mas não está tudo tão ruim assim, quando estou aqui, eu sou feliz, e quando eu estou aí tb, quando você se coloca tão sutilmente ao meu lado, é na verdade o momento onde me sinto mais completa, é impressionante como é fácil me relacionar com ele.
Somos verdadeiros juntos, é bom saber que você vem de tão longe só pra me ver, ainda não entendo o que lhe atrai tanto em mim, mas isso não importa, sua mão passa pelo meu braço até chegar onde deseja, ela se entrelaça pela minha tão delicadamente que me pergunto se esse talvez seja o lugar que ela sempre pertenceu.
Está calor aqui, você sentado imerso num programa que não prenderia tanto a minha atenção, isso é bom, posso passar o resto da hora observando os detalhes de sua face. Estou tão feliz que você me resgatou, mesmo passando por momentos turbuletos, você está aqui, me fazendo mais segura, ouvindo muitas de minhas lamúrias exageradas.

Pois é, não deu
Deixa assim como está sereno
Pois é de Deus
Tudo aquilo que não se pode ver
E ao amanhã a gente não diz
E ao coração que teima em bater
avisa que é de se entregar o viver

Pois é, até
Onde o destino não previu
Sei mas atrás vou até onde eu consegui
Deixa o amanhã e a gente sorri
Que o coração já quer descansar
Clareia minha vida, amor, no olhar

Pois é - Los Hermanos
O ar está frio lá fora, é complicado até pra respirar, mas eu gosto, sempre achei que tivesse nascido no lugar errado, devia ter nascido aqui. É tudo tão lindo e tão magnífico, devia ter nascido aqui isso sim. Ele está viajando de novo, mas me deixa a par de tudo o que está fazendo, adoro saber de suas aventuras, por que a vida dele é isso mesmo uma aventura, tanto que acabou transformando a minha também.
Preciso de um chocolate quente agora, como é bom esse fluido quente e saboroso descendo pela garganta, vagarosa e sutilmente. Quando abri a uma pequena fresta da janela vi que não estava tão ruim assim, não se você acha congelante agradável, pois bem, eu acho. Recebi um pouco dessa brisa congelante pelo meu rosto, não sei se posso mais abrir os olhos, devem ter congelado no meio do processo, e também deve ser perigoso abrir os olhos em meio a um vento muito congelante, deve ser por isso que as pessoas sempre andam de cabeça baixa e com aquelas tocas bem grossas quando se está tão frio, mas acho que vou ficar recebento gelo em forma de vapor um pouco ainda.
Nossa acho que meus olhos estão realmente congelados, pobres dos meus cílios. Eu queria ver se tem alguém se aventurando nesta friaca lá fora, talvez desta forma tomasse coragem de fazer o mesmo.
Está bem chuvoso o tempo e eu rezo pra que você me espere aparecer subitamente, na verdade eu estou chegando, prepando lhe uma surpresa, adoro quando você sorri pra mim daquela forma, seus olhos brilham tanto quando lhe surpreendo, é ótimo ver que consigo fazê-lo feliz, por que isso me faz feliz.
Recebi outra de suas mensagens, você não sabe o quanto fico excitada por ler as coisas que você me escreve, é bom saber que sou indispensável e tão importante, e para alguém como você.. é realmente maravilhoso. Fico andando e observando cada lugar, é lindo olhar pela janela do dormitório a chuva cair, tão surpreendentemente lindo, tudo tão perfeitamente calculado, quem sabe amanha não neve, fico ansiosa para saber a textura dela, qual será o seu sabor, bem, mas acho que talvez não tenha toda essa coragem de prová-la, se for nevar eu sei que você irá me avisar, sabe o quanto estou animada pra ver esse fenômeno maravilhoso da natureza, ou pelo menos é maravilhoso quando se vê pela tevê.
Tudo parece ser como um sonho, mas que bom que é a mais pura realidade, estar aqui e com você do meu lado. Cada parte minúscula e essencial da minha existência se encaixou da forma mais perfeita. Eu acho que talvez essa fosse a forma física da perfeição.
Já passam da meia noite, e eu continuo acordada e ouvindo música bem alto, talvez isso seja como um reflexo, sim um reflexo pra afastar o que eu realmente sinto, é deve ser isso. A rotina é contínua e massacrante ainda mais quando se está preso em algo que, bem você pode ter achado que gostava ou que gostaria um dia, mas que na verdade, você odeia.
Os dias se passam e estou aqui no mesmo lugar, antes era mais fácil querer compartilhar, sair, brindar, o que seja, fazer o que, as coisas mudaram e tudo ficou bem claro, e bem difícil de engolir..
Talvez eu deva pagar a conta da minha encomenda de 30 kilos de presunto, é deve estar na hora de mandar a conta pra quem deve realmente pagá-la.