quarta-feira, 23 de junho de 2010

Fall Fall, I'm Falling I'm Falling.
É, estou caindo, queda que parece interminável. Conexão direta da minha cama com o total desconhecido, já passei pelo desespero e pelo medo. Agora apenas me agrada o vento percorrendo meu rosto e meu corpo. O dia está chegando no final deste buraco, piso no céu e vejo o chão. Tudo trocado, as ásvores estão bem distantes, mas sei que são elas. Pulo de estrelas, que são apenas um pouco maiores do que eu imaginava quando era pequena, maldita astronomia, precisam de aulas urgentes com a imaginação infantil.
Andei a procura de um amigo, mas nenhum ET ou estrela com rosto, apenas o sol, que apesar de sido bem caloroso em suas boas vindas a mim, é um pouco mal humorado e bruto. Andei por muito tempo até perdê-lo de vista. Ele já não me aguentava mais por perto.
Posso nunca ter visto golfinhos nadando, mas hoje vi as estrelas cadentes que parecem nadar pela falta de cor camuflada de negro. Elas até fazem barulhos semelhantes.Foi lindo, brilham intensamente. Enquanto salto de estrelas em estrelas, parei em alguns momentos sentei na que me encontrava e contemplei com um sorriso a falta de cenário, somente o céu que é muito poluído e barulhento, afinal ele é onde as pessoas estão.
Não quero continuar com as pernas balançando, e após muito tempo de caminhar e saltar ouvi um grito. Me parecia dor, acho que machuquei uma das estrelas que pisava. Fui proibida pelo Sol, que chegou logo após da reclamação, de andar sobre as estrelas.
Olha o apuro em que me encontrava, como poderei andar se não pisando nelas. A Lua estava à minha frente, mas estava tão preocupada com o problema que não havia percebido. Com voz pomposa disse:"Queridinha, tenta voar, olha em volta, todo mundo flutua. Tenta vai". E foi o que fiz, pulei. Quem sabe não seria mais uma estrela, olhando o que acontece com quem está lá em cima.
Pra onde foi a criatividade? Cadê o teto com desenhos em autorelevo que me prendiam a atenção por tantas horas, só consigo ver a bagunça e me estressar pela rotina. Sinto falta daquele cigarro comunitário. Sinto falta de coisas que ainda nem vivi. Perambulando pela casa o taco frio sob meus pés, destruídos, tanto tempo que não se encontram com uma pedicure. Um encontro muito necessário.
Suspiro profundamente como se nada fosse aquietar o vazio. Isso me intriga, como pode o vácuo e a falta momentânea de qualquer coisa pode ser tão esquisito e incômodo. A única vontade é de que passe e a saudade daquele cigarro. Até que qualquer mais profundo desejo é tomado de assalto por tremores, batidas na parede e gritarias. O que de início se parece com um cachorro latindo logo se revela, são eles.
Saí, já que não tenho companhia aqui, posso ir atrás de uma. Procurei em todos os lugares, no ônibus, nos bares, nas livrarias e restaurantes. Estranhamente os lugares estavam vazios, as pessoas sumiram. Não quero recorrer à companhia de meus vizinhos fornicadores.
Sentar na praia poderia ser uma boa alternativa, mas essa também não estava mais lá, senti um leve desespero, minha casa também deve ter sumido. Corri de encontro a minha rua, tentei correr mas a asma me impediu que chegasse rapidamente, parei e sentei, estava tonta já. Se minha casa fosse sumir mesmto, não adiantaria de nada correr, relaxei e caminhei de encontro com o espaço vazio que costumava ser chamado de lar. Procurei pelo meu ipod, que descobri também ter sumido, mas de forma esquisita a música que estava na minha cabeça começou a tocar, o fundo branco tinha som. Caminhei por muitas horas e percebi que poderia ter passado direto de onde era meu prédio, não tinham mais pontos de referência, Centro de Doenças Cardiovasculares, Clube, Padaria ou Lamole, nada mais estava ali. E Time Falls tocava repetidamente, pensei que já poderia estar no final de São Francisco, em Jurujuba até que não teria percebido. Poderia estar sem minha roupa e não teria me incomodado.
Parei, deitei, contemplei. O nada é confortante durante alguns segundos, quem sabe até um minuto. Depois passa a ser um tanto solitário. Sei que não vem ninguém me buscar, sei que ninguém irá me procurar. Será que aqui ainda terá dia e noite? Não aguento mais a claridade. Eu bem que poderia pintar tudo de preto, poderia surgir uma tinta do meu lado e eu pintar tudo! Mas também quero tinta branca, pra fazer as estrelas, amarelo meio creme pra pintar a areia, o cinza pra calçada bancos e alguns prédios, verde para as árvores e outros prédios, azul pro céu e pro mar, vou tentar improvisar algumas pessoas com as cores que tenho. Quero vermelho, não sei bem ainda para o que, acho que vou pintar meu coração também.
Eu acho que preciso me deprimir, sem nenhum suspiro coloco "night calls" do joe cocker pra tocar, na verdade não sei se é dele realmente, mas ele que está cantando. Bem, isso pouco me importa. Só preciso de uma música que me faça esquecer dos dramas alheios e me deprimir pelo meu nada. Será que eu não tenho direito de curtir minha porra que texto babaca. É foda não ter nada pra dizer de bom, vomitar palavras sem sentido, e eu consigo piorar!
 Sentido mandou lembranças.