terça-feira, 6 de julho de 2010

Esperança é algo completamente irracional e totalmente humano. Um país inteiro esperar que o placar mudaria após os 45 minutos não é normal, não é ruim. Quem disse que esquecer da razão é algo ruim? Seu eu pudesse viveria sempre algo que me libertasse das amarras do raciocínio, mas não há tal coisa. Viver sem limites? Acho que não é tudo isso, é ser intenso nas ações e pensamentos. Viver com todas as partículas do corpo, ao invés de fazermos o que estamos acostumados. Viver pensando no próximo e no outro. Gosto do contrário, do foco no momento. Se isso me traz paz? Muitas vezes não. Muitos se gabam por serem esperançosos, mas não é pior quando se têm muita expectativa e isso é destruído na sua frente? Sim, é. Entretanto quer dizer que você se importa. Acho pior ainda pessoas inatingíveis. Não acho humano. Humano é se deixar abater e levantar no momento seguinte, é ser idiota e com isso ser feliz. É bom pensar nas consequências, mas não pensa muito se não nunca fará nada. E a pior coisa da vida são pessoas covardes. Não é covardia ter medo, hesitar. É não se permitir ao menos cogitar.
Triste isso, não se permitir nem sonhar. Eu sonho, e sonho muito. Acho mesmo que está na hora de viver mais, mas tenho sensação plena que vivo também pelos sonhos. Quero sentir, é isso, viver e sentir.
Porque sempre penso em começar os meus textos com "se dois mais dois é quatro, então...", mas nunca sei como continuar. Como se escreve um suspiro. Bem. SUSPIRO. Quero fora esse rímel, tenho que parar com essa mania de tirá-lo com os dedos. Arde. 
Queria mesmo transmitir a mesma sensação de um mero suspiro e toda dramatização que carrega consigo. Uma mínima exalação de ar serve de expressão tão variada. O texto e as palavras são ótimas, mas nunca substituem ou ao menos dao conta de um suspiro bem dado. Como eu queria um suspiro neste texto.
Você queria saber como parar o tempo? Aquele sorriso, o cheiro, as cores. Bem, eu queria. Teletransporte. Se dois mais dois é quatro, porque não cinco? Eu nunca entendi de matemática.
Enquanto para e olha pro nada seu cigarro está queimando sozinho.
Quem disse que quero fumar.
Mas então por que acendeu?
Não sei. Acho que porque a música não condiz com o momento.
O que tem a ver?
Por que você faz tantas perguntas dificeis?
Você é louco.
Ser ou não ser, é essa a questão mesmo? Eu não sou muito familiarizada com o resto do discurso de Hamlet. Mas não se é a partir do momento que existe? Ou a questão em jogo é se realmente existe? O que ser, quando ser e como ser. O que não pode ser. O que não gosto de ser mas não deixo de. Forço, me desagarro, não consigo. Sou. Sou muitas, tantas que nem sei. Culpada pós modernidade. Não faz diferença e faz, contradiçoes, quantas contradições. Sou uma ambulante. Direira e esquerda, 8 e 80 sempre. Meio termo, isso existe?
Quantos devemos ser para simplesmente completarmos um único ser. Expira e inspira. Expansão e introversão. Como ser mais ameno, menos intenso. Fugaz e imortal. Parecem palavras ao léu, mas faz pleno sentido pra quem vive, sente,tenta evitar, foge sempre. Se esconde, mas do que? Bem, eu não sei. Disso, do mundo e das sensações.
Complicado eim? Bem, nem tanto. Olhe bem.