segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Imagens abstratas de nós dois..

Deitada na cama, olho pro teto, não sei se é isso aqui, mas estou afundando, sufocada, preciso dizer o que rasga as minhas fibras. O interno é mais sólido que este mundo irreal, as vezes parece que a verdade conspira contra mim.
Como pude ter sido tão inocente em acreditar que casa suspiro seu, cada toque, cada palavra que saía de seus láios enquanto fumava. Toda essa fumaça agora me embriagando e envolvendo. Está mais claro que nunca que foi um erro, fazendo-me em tantas partes. Eu quero ir embora daqui, mas não consigo me levantar. Sou um produto de sua mente minusciosa ou você é apenas criação de minha insanidade? Eu não sei. Pela manhã te vejo na rua como um estranho, como pôde ter projetado em mim tantas expectativas e todas elas terem se esvairido tão súbitamente. Deslumbrado com a vida, me descarta de forma tão egoísta. Me fez de brinquedo num joguinho sujo no qual nada permanece igual mas tudo volta a ser como antes. Não é ingenuidade, mas quero acreditar que dentro de você há quem sempre imaginei. Que aquela pessoa existe e que aquele sentimento te habita, mesmo que latente. Talvez tenha sido pura inocência acreditar que algum dia realmente partilhamos alguma coisa.
Enquanto espera por desculpas desnecessárias eu perco o pouco que me resta de mim mesmo, não é exagero e eu só preciso de você esta noite. Como no dia em que cantou pra mim sob a luz de seu abajur, o vinho derramado no chão, completamente desajeitado você se levantou. E eu te olhando sem sequer mexer um fio de meus cabelos.
Se há altos e baixos eu só me lembro do dia que você estava aqui, fora isso tudo é vago e distante, imagens abstratas de nós dois. Penso se foi tudo mentira quando me quis tão perto do seu corpo. Como se tornou um estranho de baixo dessas luzes? Monocromático contrastando com essa iluminação difusa e colorida, não enxergo maia nada. Como foi que cheguei neste ponto quando um dia você foi tão invisível para mim.
Enquanto você procura por culpados eu recolho os cacos ao seu redor. São olhos de vidro os seus para enxergar tudo tão grande? Se deslumbrando com estes novos flashes, novos ambientes te seduzem, eu sei. Não quero estar de baixo do seu braço, apenas pensei que seria seu apoio. Não dê as costas para o mundo que fiz apenas para você.
Talvez quem esteja caindo seja você, dentro deste turbilhão de sentimentos e antigos sonhos. Se perdendo de quem pensa que realmente é, mas como um quadro empoeirado uma frustração cortante despeja e ainda posso ouvi-la. Antigas fascinações que alimentam as nossas frustrações. Há tantas pessoas especiais e você foi como uma miragem, foi se aproximando que pude até sentir o seu calor. Mas parece que atravessei e não hánada além disso? Olhos fundos de um boneco sem emoção. Me manda pra fora de sua vida quando um dia o que mais quis foi fazer parte da minha. Realmente não havia ninguém ao meu lado, no meu medo você não estava presente, nas noites de insônia, nas ligações perdidas e nas mensagens nunca respondidas. Eu estava só.
Fruto de um erro sórdido ou mero capricho, era apenas criação de sua maquinação. Confiança traiçoeira que coloquei em você, uma doença silenciosa, dor agradável. Podia desconfiar do quanto clamava que eu me entregasse e confiasse em suas palavras, queria me protejer, agora onde estamos? Em lugar algum. Era pra ser uma armadilha com enfeites de natal. Como uma doença invisível agora você está de baixo da minha pele. Vou drenar você mesmo que perca partes de mim mesmo, mesmo que só restem cacos do que um dia eu fui, do que costumava ser nós dois. Mas você nunca saberá e permanecerá na sua mentira de que sou forte. Acho que desta vez eu derreti e quando nos vermos novamente nada restará do que foi um dia. Será que pensaremos em nós dois?
Acho que sempre fomos estranhos familiares. Você consegue ouvir minha voz distante num último suspiro antes de dormir chamando este sonho novamente para estarmos nele como se sempre fosse um início de estação? Sentindo minha pele colada a sua, quente demais como sempre reclamou, mas que sempre puxou para perto. Eu queria olhar para a porta e saver que você nunca mais voltará por ela. Não me olhe como se conhecesse meus defeitos, você nunca me viu de verdade e eu não quero mais te ver, eu não quero mais você. Passado próximo, sonho distante, longe do meu toque e do meu carinho.
Meus beijos não serão mais seus. Você se entope de orgulho, se sonhos infundados e de uma vilgaridade óbvia que não imagino como fugiram dos meus olhos por tanto tempo. Como pude ser tão cega com isto que reluzia em letreiros brilhantes e gigantescos em frente aos meus olhos. Não era você e não retiro a minha culpa, eu acreditei em você e depositei expectativas. Me deixei levar por suas palavras efêmeras que já se fora junto com as folhas do outono.
Eu precisava de alguém e surgiu voce, suas palavras desequilibradas são frutos claros de sua imaturidade, dos seus devaneios e delírios. Por que me trouxe pra dentro do seu tornado? Não quero ouvir mais nem uma palavra, você devia ser proibido de entoar qualquer som, palavras mentirosas travestidas em doces lamúrias. Como ferrugem de dentro pra fora suas palavras rasgam sua fantasia. Você esteve camuflado, agora vejo e continua sem me conhecer. Mas não te enxergo.


Este texto foi escrito por mim e pelo meu amigo Cássio Villani do blog www.cerejaparanoica.blogspot.com, foram frases e paragrafos escritos simultaneamente por nós dois que depois foram aglutinados.. foi um momento muito legal, por isso acho super válido o registro e també pq achei o resultado muito bom!



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